Expressões culturais romenas, com base em gravações realizadas sob a direção de Constantin Brăiloiu (1893-1958) foram consideradas no âmbito da disciplina Etnomusicologia na Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo, em 1972. Concepções teóricas desse autor foram discutidas no contexto de renovação teórica dos estudos de Folclore musical no Museu de Artes e Técnicas Populares da Associação Brasileira de Folclore e da introdução da disciplina Etnomusicologia no Brasil.

Em 2011, a A.B.E. realizou-se amplo programa de atividades na Romênia motivado pelos 150 anos de ASTRA - Asociatiunii Transilvane pentru Literatura Româna si Cultura Poporului Român e pelos 130 anos do compositor George Enesco (1881-1955). Os trabalhos dedicados a este violinista e compositor romeno, que estudou com compositor latinoamericano que viveu vários anos no Brasil, inseriram-se no programa da A.B.E. motivado pelo ano Liszt 2011. Foram preparados por trabalhos realizados em outras regiões da Europa que pertenceram, no passado, ao Império Áustro-Húngaro.

A consideração dessa orientação romana da identidade romena, e que salienta o significado do país para os estudos euro-brasileiros, exige que se dirija a atenção a seus fundamentos históricos e culturais. Por essa razão, realizaram-se trabalhos em centros universitários, museus e sítios arqueológicos, focalizando-se em particular processos culturais relacionados com a colonização do Mar Negro e da inserção dessa esfera geográfica e de seus povos no edifício de imagens e concepções do mundo transmitido pela antiga mitologia.

A consideração da história religiosa dessa região, marcada por radical Reforma e por movimentos de recatolização nas suas inserções no Império áustro-húngaro possibilita também uma melhor compreensão de dimensões globais de processos culturais que também se fizeram sentir no Brasil, em particular relativamente ao Barroco,

O significado da língua, da herança cultural e dos estudos históricos e de tradições no desenvolvimento da identidade romena e na constituição do país independente no século XIX faz com que a consideração da Romênia sob a perspectiva brasileira surja como de especial significado para a discussão de questões patrimoniais. Por essa razão, deu-se particular atenção ao trabalho de museus e de iniciativas voltadas à cultura tangível e intangível na Romênia, às suas tendências atuais no âmbito europeu, levantando-se a necessidade de reflexões mais aprofundadas relativamente à distinção entre cultura material e imaterial no debate patrimonial.