Atenas. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.


Os trabalhos da Academia Brasil-Europa relacionados com a Grécia inserem-se na fase mais remota da história da instituição.


O fascínio pela cultura da Antiguidade clássica marcou desde o início as preocupações e as concepções do grupo de estudiosos e artistas que, primeiramente no antigo império russo, em fins do século XIX, e depois na imigração à Europa Central após a Primeira Guerra Mundial e ao Brasil, em fins dos anos 20, dedicaram-se à questão de uma renovação da cultura ocidental a partir de seus fundamentos, para além de fronteiras nacionais.


À época da constituição da academia em Salzburg, em 1919, os estudos voltados à Antiguidade nas suas relações com tendências do pensamento contemporâneo mais avançado da época inseriran-se na tradição local do Classicismo, representada, entre outros, por W.A. Mozart, J. Haydn e S. Neukomm. Um dos ideais da época foi o de fazer retornar o Clássico, nessa tradição européia do pensamento e das artes, à sua região histórica, ou seja, à Grécia.


Entre 1923 e 1927, os principais mentores históricos da A.B.E. foram professores do Odeion, uma das mais renomadas instituições de educação artística de Atenas, e envolvidos na revitalização atualizadora da instituição. M. Braunwieser (1901-1991) ali realizou pesquisas da cultura popular grega e delas tirou impulsos para a sua obra denominada de "Melodias Gregas", para dois pianos.


O trabalho foi também na Grécia guiado por intuitos culturais globais, representados emblematicamente pela obra "Saudades do Brasil", de D. Milhaud, sempre executada em eventos realizados em Atenas. Tornaram-se co-responsáveis pela primeira execução do Requiem de Mozart no estádio de Olímpia, um empreeendimento de transcendente conteúdo simbólico. Imigrados para o Brasil, esses ideais permaneceram vivos, vinculando o cultivo do Clássico europeu a correntes estéticas avançadas e a estudos da Antiguidade clássica.


Atenas. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
A revitalização do interesse pelos estudos culturais relativos à Grécia teve lugar quando da fundação da entidade constituinte da organização Brasil-Europa, em 1968.


No âmbito de seus objetivos de renovação teórica dos estudos culturais no Brasil, dirigindo a atenção a questões de difusão cultural e a processos de integração e diferenciação de diferentes grupos de imigrantes em situações metropolitanas, a entidade passou a considerar também a considerável parcela de imigrantes gregos residentes em São Paulo.


Os primeiros trabalhos de pesquisa cultural sob essa orientação foram desenvolvidos em cursos superiores de estudos de folclore/cultura popular e Etnomusicologia, então introduzida no seu sentido próprio do termo na Faculdade de Música e Educação Artística do Instituto Musical de São Paulo.


Considerando tendências da renovação dos estudos culturais então discutidas no âmbito da Associação Brasileira de Folclore, os trabalhos foram voltados sobretudo à pesquisa da cultura do quotidiano, doméstica e de questões relacionadas com a infância e a formação escolar de famílias de origem grega em São Paulo. Paralelamente, procurou-se uma possibilidade teórica de unir diferentes perspectivas disciplinares no trabalho de pesquisa, aquela dos estudos clássicos, da filosofia, da história e dos estudos culturais.


Uma viagem de observações e contatos voltada à revitalização de antigos contatos foi realizada por M. Braunwieser em fins da década de 60. Uma nova viagem foi realizada pela sua filha, R. Braunwieser, no início da década de 70.

Os trabalhos sistemáticos iniciaram-se porém a partir de 1975/76. Nesse ano, percorreu-se o norte da Grécia e o Peloponeso. O intuito foi o de situar conhecimentos históricos e mitológicos nos seus respectivos locais e considerar a situação cultural atual comparando-a com aquela de imigrantes no Brasil. Em Atenas, realizaram-se os primeiros contatos que forneceram as bases para trabalhos posteriores.


Em viagens seguintes, preparadas por ciclos de estudos orientados por professores da Universidade de Colonia, foram visitadas, além de Atenas, Creta e outras ilhas gregas. Nas décadas de 70, 80 e 90, estudos arqueológicos e visitas a monumentos e museus na Grécia foram acompanhados por estudos da antiga mitologia. Esses estudos foram desenvolvidos sob perspectivas amplas do mundo helenístico, com especial consideração do sincretismo da Antiguidade tardia.


Com base nesses conhecimentos, deu-se continuidade à interpretação da linguagem visual de expressões culturais do Ocidente, transplantada para outras regiões do mundo no processo de expansão européia e do Cristianismo. Em vários eventos, cursos, seminários e publicações procurou-se mostrar a importância dos estudos do edifício imagológico e das concepções da antiga Grécia para a compreensão e para a análise de sentidos de expressões culturais na tradição brasileira. Essa aproximação, que leva à releitura crítica de elucidações hipotéticas de expressões sincretísticas do Brasil, foi discutida no primeiro colóquio internacional de estudos euro-brasileiros, em 1989, levando ao desenvolvimento da Antropologia Simbólica aplicada ao Brasil e que foi alvo específico de simpósio internacional realizado no Brasil, em 1998.


O prosseguimento dos trabalhos in loco deu-se com novos empreendimentos da A.B.E., realizados nas ilhas gregas e no continente, em 2005. Independentemente dos estudos voltados à Antiguidade e à arqueologia do saber, tem-se dado também atenção a questões relativas à Ortodoxia e suas repercussões no Brasil e em outras partes do mundo.


Os trabalhos mais recentes dirigem a atenção ao papel dos gregos insulares na colonização do Ocidente por motivo da celebração de Marseille - principal colonia grega no Ocidente na Antiguidade -como Capital Européia da Cultura 2013. A partir da presença grega na cidade portuária, analisou-se a propagação da cultura helênica da esfera do Mediterrâneo à do Atlântico.






Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.

(em elaboração)


  1. Grécia - Brasil nos seus elos com a Alemanha e a Áustria. Processos culturais de formação de nacionalidadee valores universais do Homem - Antiguidade helênica e ideais clássicos

  2. Grécia e Brasil: países que proclamaram a sua independência na mesma data (1822)
    nas suas relações com a Áustria e a Baviera. Interações mediterrâneas: a cidade de passado veneziano como primeira capital da Grécia. Dom Pedro II (1825-1891) em Nafplio/Nauplia -  a „Napoli di Romania“

  3. Heinrich Schliemann (1822-1890) e Dom Pedro II (1825-1891): o Brasil na história da Arqueologia. A visita do imperador brasileiro a Micenas em 1876 segundo a obra a êle dedicada Mycenae

  4. Dom Pedro II (1825-1891) e a ceia na tumba ou „casa do tesouro“ de Atreus em Micenas. Tentativas de percepção de sentidos e significados

  5. A Guerra de Troia e o Brasil. Homero em paises à procura de fundamentação da nacionalidade. Manuel Odorico Mendes (1799-1864) e a visita de Dom Pedro II (1825-1891) a Troia e Micenas

  6. Konstantinos Paparrigopoulos (1815-1891) e Dom Pedro II (1825-1891): História e consciência nacional no processo político-cultural da Grécia no século XIX e a sua institucionalização universitária. Dimensões da concepção de uma continuidade da nação grega da Antiguidade à era moderna

  7. Alexandros Rizos Rangavis  (1809-1892) e Dom Pedro II (!825-1891): Arqueologia, Literatura e Teatro na Diplomacia Cultural em processos de construção e solidificação nacional na Grécia e no Brasil. Pelos 125 anos de sua morte

  8. Céus da Grécia, da Alemanha e o Brasil. Johann Friedrich Julius Schmidt (1825-1884) e Dom Pedro II (1825-1891.Desenvolvimento da Astronomia e Geologia nas relações científicas multilaterais entre a Grécia e a Alemanha no seu significado para o Brasil

  9. Arquitetura na Grécia em relações recíprocas com a Baviera e a Áustria e o papel do mecenato nos seus fundamentos éticos em tradição humanística.Dom Pedro II (1825-1891) em Atenas no ano da morte de Simon Georg von Sina (1810-1876)

  10. Trajes e danças tradicionais em processos de criação de consciência nacional na Grécia e o Folclore grego em processos de identidade de imigrantes no Brasil - aspectos de um debate: continuidades e descontinuidades da Antiguidade ao presente. À memória de Esther Sant‘Anna Almeida de Karwinsky (†2003)

  11. Instrumentos musicais em processos culturais na Grécia e no Brasil. A prática musical de jovens na transmissão de um complexo sistêmico de visões do mundo e do homem de antigas origens - observações e reflexões em Rhodos e em Creta. À memória de Martin Vogel (1923-2007)

  12. Felix Petyrek (1892-1951) e Martin Braunwieser (1901-1991) na Grécia. A ironia e a paródia nos ímpetos de jovens músicos perante o grotesco do „teatro do mundo“ e na ânsia de liberdade inovadora - o concerto no Conservatório de Atenas de fevereiro de 1927 no seu significado para o Brasil

  13. De ruínas gregas e de uma Europa em ruínas. O „movimento Bach“ da Áustria ao Brasil através da Grécia nos seus sentidos renovadores nos anos posteriores à Primeira Guerra Mundial. Um marco: concerto pela presença de Felix Petyrek (1892-1951) em Atenas em 1926

  14. Sorocaba e Gávea de „Saudades do Brasil“ no ΑΙΘΟΥΣΑ ΩΔΕΙΟΥ ΑΘΗΝΩΝ, 1928 -
    despedida de Martin Braunwieser (1901-1991) da Grécia - uma Odisséia ao Brasil

  15. A colonização helênica do Ocidente. A união em paixão da nativa Gypse com o navegante Protis como imagem-tipo de início de processos culturais e fundamento de identidades coloniais

  16. A Navegação no programa emblemático da Bourse et Chambre de Commerce de Marseille. Euthymenes à luz do paradigma do Navegador que vem do Oceano e da África Ocidental segundo imagens da antiga geografia simbólica. De Dionísio e Esus

  17. O Comércio no programa emblemático da Bourse et Chambre de Commerce de Marseille. Pytheas e o caminho do Norte em direção a Thule à luz de Hermes em interações de imagens e fatos históricos

  18. O comerciante-viajante na noite do Ocidente, a lua e a luz na linguagem de sinais. Do culto a Artemis em colonias insulares gregas a Athene e Notre-Dame de la Garde

  19. A irradiação do conhecimento do Invicto e o sol como luminar na linguagem de sinais. Do culto a Apolo Python dos comerciantes marítimos gregos a Saint Victor de Marseille

  20. Dormitio Mariae e Hino Akathistos: imagens no hino, hino em imagens. Patrimônio arquitetônico, pictórico e musical nas suas interrelações

  21. Histria (Ἰστρίη). Arqueologia de processos culturais do mundo de colonização grega do Mar Negro e suas repercussões no patrimônio cultural do Ocidente

  22. Rêdes sociais na história político-cultural. Vínculos entre as casas reinantes da Europa no período anterior à Primeira Guera. Asmanha-Rumênia-Grécia-Dinamarca-Suécia

  23. Ciclo de Estudos "Sobre a Educação Estética do Homem". 250 anos de nascimento de Friedrich von Schiller (1759-1805)

  24. Mitologia antiga, universo helenístico e sincretismo

  25. Música na hermenêutica bíblica e mitos. Implicações interculturais

  26. Stendal. Museu-Casa de Winckelmann

  27. Martin Braunwieser

  28. Idéia de harmonia nas concepções do mundo e do homem e suas expressões arquitetônicas

  29. Revelação divina e normas clássicas no pensamento construtivo ibérico e extensões coloniais

  30. Cânones e identificação francesa na teoria arquitetônica e suas extensões

  31. Da Conceituação do Classicismo no Brasil

  32. Difusão ampla de estilo, fenômeno pan-europeu e o Brasil

  33. Linguagem musical universal, "universais" na música e o Brasil

  34. Universalismo de ideais imanentes e o ético na estética do Brasil

  35. Estilo clássico, música clássica, classicismo

  36. Estilo da época e estilo de grupo

  37. O Clássico e a espiritualidade

  38. Atenas, Olímpia e Brasil

  39. Ilhas Eólias. Charte d'Athènes. Reflexões urbanológicas

  40. Messina. A nave e a cidade radiosa de luz

  41. Pylos. Mitologias do urbano. Sabedoria dos argonautas e tomada de Tróia

  42. Atenas, Culto à Sabedoria, Acrópole e São Paulo

  43. Meteora. Espiritualização da matéria. Função segue à forma

  44. Volos. Natureza dupla da cidade e a cidade velha

  45. Delos. A cidade apolínea

  46. Mykonos. Segunda filosofia e a cidade sã

  47. Epidauros. Medicina, arquitetura, teatro e música






 













Fotos H. Hülskath. © Atenas

 

BRASIL-EUROPA
www.brasil-europa.eu

Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa

Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo

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