Helsinki. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
Os trabalhos da Academia Brasil-Europa relacionados com a Finlândia têm sido desenvolvidos no âmbito de alguns principais complexos temáticos com base em particular interesse remontante às origens históricas da tradição na qual se insere a organização. Os intelectuais e artistas de origem alemã na Rússia do século XIX, que se dedicavam a questões das relações espirituais e culturais entre o Oriente e o Ocidente, o Leste, a Europa ocidental e as suas extensões americanas, e que emigraram para o Brasil após a Revolução de 1917, vivenciaram um período marcado pela crescente conscientização nacional finlandêsa e que levaria à sua emancipação.


Sob o domínio sueco até o período napoleônico, o país havia sido ocupada pelas tropas russas sob o Czar Alexandre I (1777-1825), em 1808. Apesar de gozar como Grão-Principado de uma certa autonomia, a crescente orientação nacional nas várias esferas culturais levou a uma intensificação da política russificante sob o Czar Nicolau II (1868-1918). O fim do século XIX e o início do século XX foram marcados por tensões causadas pela retirada da autonomia finlandêsa, em 1899. No contexto dos conflitos determinados pela Primeira Guerra e pela Revolução Russa, a Finlândia alcançou a sua separação, sendo um caminho político comparável ao da esfera soviética evitado através do apoio recebido por tropas alemãs. A sua autonomia foi reconhecida pelos soviéticos em 1920. As relações permaneceram porém instáveis, levando, em 1939, à Guerra Fino-Soviética, em 1940 à perda de territórios e, a partir de 1941, à participação da Finlândia ao lado da Alemanha na Segunda Guerra.


Helsinki. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
O significado do movimento de conscientização nacional nessa história da Finlândia dos dois últimos séculos faz com que surjam como particularmente produtivos cotejos com o desenvolvimento de tendências nacionais e nacionalistas em várias esferas culturais do Brasil. O estudo de correntes do pensamento nacional nos vários países europeus do século XIX, e que exige paradoxalmente enfoques transnacionais, pode contribuir à inserção dos estudos do movimento nacional na história das idéias e das expressões artísticas e culturais do Brasil em contextos mais amplos. Compreende-se, assim, a razão pela qual os trabalhos desenvolvidos pela Academia Brasil-Europa relacionados com a Finlândia foram marcados sobretudo pelo estudo de tendências e expressões culturais paralelas no âmbito do nacionalismo nas artes sob a perspectiva de processos de formação e transformação de identidades.


Helsinki. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
Esses estudos concentraram-se exemplarmente em análises músico-culturais que focalizaram o compositor finlandês Jean Sibelius (1865-1957) nos seus elos com a Alemanha e nos seus paralelos estéticos com desenvolvimentos histórico-musicais americanos em geral e brasileiros em particular. Deu-se particular atenção ao papel do Poema Sinfônico em processos de formação de identidade nacional no contexto do Romantismo em diferentes países, também no Brasil.


Helsinki. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
Estudos músico-culturais relacionados com a Finlândia foram desenvolvidos especialmente em seminários e eventos da Academia Brasil-Europa dedicados a Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Para observação da situação in loco, a Academia Brasil-Europa promoveu uma primeira viagem à Finlândia, em 1982, realizando-se uma sessão no Museu Sibelius, em Turku. Uma particular consideração foi dada ao desenvolvimento dos estudos relacionados com a cultura tradicional e popular na Finlândia, exemplificado nos trabalhos do Museu de Etnologia de Helsinki,


Entre outros complexos temáticos considerados nessa e em outras viagens realizadas no âmbito dos trabalhos da A.B.E., salientou-se aquele voltado ao processo de transformação cultural causado pela cristianização do Norte da Europa na Idade Média. Procurou-se, aqui, assim como nos demais países escandinavos, examinar relações entre as antigas concepções e expressões religiosas e o Cristianismo, estabelecendo paralelos com procedimentos missionários que se conhecem da história da colonização e cristianização do Brasil de séculos mais tarde.


Relevância nos estudos relacionados com a Finlândia assume o papel da Natureza na cultura do país. Sob essa perspectiva, abrem-se caminhos para a discussão intercultural de questões que a A.B.E. tematiza no seu programa "Cultura-Natureza".


Os trabalhos relacionados com a Finlândia tiveram continuidade em 2013, tratando-se agora em particular da presença alemã na história cultural finlandêsa, suas inserções no complexo mais amplo do Mar do Norte e do Báltico no decorrer dos séculos e suas implicações para os estudos das relações Alemanha-Brasil.



 





Helsinki 2013. Arquivo da A.B.E. Fotos A.A.Bispo ©

 

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Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa

Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo

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