Dubrovinik. Foto A.A.Bispo. Arquivo A.B.E.
Os trabalhos da Academia Brasil-Europa relacionados com a Croácia inserem-se numa tradição que remonta às origens da instituição.


Quando, em 1919, estruturou-se, em Salzburg, Áustria, uma academia constituída por estudantes e professores do Mozarteum preocupados com a renovação cultural européia após a Primeira Guerra Mundial, cujos membros emigrariam em parte para o Brasil, ainda existiam laços estreitos que uniam esses estudiosos às regiões adriáticas que haviam pertencido à extinta Dupla Monarquia.


Assim, em 1923, ao abandonarem a Áustria em direção sul, estabeleceram-se inicialmente em Split, na Dalmácia. Aqui, Martin Braunwieser, que seria o mentor da Academia Brasil-Europa, compôs uma peça orquestral, em linguagem avançada para a época e de alto grau de dificuldade técnica denominada de "Teatro do Mundo" (Das Welttheater). Com esse título, manifestava a percepção da realidade e do homem ligado à matéria como sendo algo grotesco para aquele que enxerga por detrás das aparências.


Essa visão predominava no círculo de intelectuais e artistas da academia criada em Salzburgo e era baseada num edifício de concepções de natureza filosófica. Essa visão justificava uma atitude lúdica para com a realidade e vinha de encontro ao fascínio que o Brasil exercia e que era simbolizada na obra "Saudades do Brasil", de Darius Milhaud, emblema sonoro do grupo.


Foi na Croácia, portanto, que surgiu uma obra representativa de uma visão do mundo e do homem que orientaria a ação no Brasil, a interpretação da linguagem simbólica das expressões populares e o seu emprêgo na formação infantil.


Dubrovinik. Foto A.A.Bispo. Arquivo A.B.E.
A renovação dos interesses pela Croácia, então parte da Jugoslávia, deu-se em 1968, no âmbito dos preparativos para a fundação da entidade constituinte da atual organização Brasil-Europa.


Sendo produto de exigências de atualização teórica que eram sentidas no âmbito dos estudos culturais, em particular do folclore, as reflexões guiavam-se sobretudo pela sociologia e pela crítica sociológica às concepções e aos procedimentos convencionais dos folcloristas.


Procurando relacionar um direcionamento da atenção a processos culturais com reflexões de natureza estética, entrou-se em contato com uma instituição especializada no assunto, o instituto internacional para pesquisas de sociologia e estética da música, situado em Zagreb.


A revista publicada por esse instituto, à qual também contribuíram brasileiros, passou a ser estudada no Brasil e ofereceu impulsos para um desenvolvimento da disciplina Estética orientada teórico-culturalmente e implantada na Faculdade de Música e Educação Artística do Instituto Musical de São Paulo, em 1973.

Dubrovinik. Foto A.A.Bispo. Arquivo A.B.E.
A partir de 1975, passou-se a realizar trabalhos com pesquisadores iugoslavos. Em viagem de contatos e estudos realizada com o acompanhamento desses pesquisadores a Zagreb, Dubrovinik e Split, dirigiu-se primeiramente a atenção a questões de música sacra e do canto glagolítico.


Procurou-se, aqui, em prosseguimento a tentativas empreendidas no Brasil, coadunar estudos histórico-musicais de música medieval com aproximações próprias da área da Etnomusicologia. O escopo era o de encontrar caminhos para o entendimento de processos e mecanismos culturais que possibilitassem novas perspectivas para o exame de expressões culturais brasileiras, independentemente de separações de áreas disciplinares convencionais.


Com as transformações políticas e político-culturais ocorridas nos países de passado socialista, e com o desmembramento da antiga Iugoslávia, pareceu necessário atualizar os estudos relativos à Croácia, dirigindo agora a atenção mais particularmente a questões de reconstrução de identidades. Para isso, realizou-se uma nova visita, efetivada em 2003.


Em 2013, no contexto do ciclo de estudos voltados aos estudos de fundamentos de processos culturais do Mediterrâneo nas suas relações com o Atlântico, a cidade de Dubrovinik voltou a ser considerada. Nessa "Atenas da Croácia", principal porto adriático do comércio do Mediterrâneo, nasceu uma personalidade que desempenhou papel significativo na história de Portugal e do mundo atlântico no início do século XIX: António Pusich.


A carreira de A. Pusich na Marinha levou-o a estudos em cidades italianas, onde, em Turim, travou conhecimento com D. Rodrigo de Souza Coutinho, então embaixador de Portugal. A seu convite veio a Lisboa, onde introduziu-se em esferas da alta sociedade portuguesa. Casando-se em Portugal em 1791, fixou residência no país, entrando a serviço da Marinha. Em 1799, alcançou o arquipélago de Cabo Verde, onde, em 1801, foi nomeado intendente da Marinhas e, após o período napoleônico, em 1818, a Governador de Cabo Verde. Esta sua atuação em época marcada pela Restauração do Congresso de Viena, levou a que Pusich, estreitamente vinculado ao mundo cultural austríaco, fundasse uma cidade denominada de Leopoldina na Ilha de São Vicente, ou seja, a arquiduquesa que se casaria com Pedro I° e seria a primeira imperatriz do Brasil.



























 



Dubrovinik 2003. Fotos A.A.Bispo. © Arquivo A.B.E.

 

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Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa

Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo

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