BRASIL-EUROPA
PROCESSOS CULTURAIS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

 
 

O Auswärtiges Amt da República Federal da Alemanha possibilitou a realização do projeto dedicado às culturas indígenas do Brasil, um empreendimento científico-cultural de grandes dimensões.


Esse projeto inseriu-se em linha de desenvolvimento de estudos e preocupações iniciado com a criação do Centro de Pesquisas em Musicologia em São Paulo, em 1968, e a introdução da disciplina Etnomusicologia nos estudos superiores da Faculdade de Música e Educação Artística do Instituto Musical de São Paulo, em 1972.


No Congresso Internacional pelo Ano Villa-Lobos, levado a efeito sob o patrocínio do Govêrno do Estado de São Paulo, em 1987, dedicado à situação dos estudos e pesquisas musicais, em particular em sessão relativa a instrumentos musicais indígenas no Museu Paulista, levantou-se as deficiências quanto ao estado de conhecimentos sôbre culturas musicais indígenas, a sua situação atual e os processos transformatórios em desenvolvimento no presente.


Através do Departamento de Etnomusicologia do Instituto de Estudos Hinológicos e Etnomusicológicos (Colonia/Maria Laach), então sob direção brasileira, apresentou-se o projeto ao Auswärtiges Amt, que, com a anuência de órgãos brasileiros, concedeu apoio para a consecução do projeto.


Este foi inaugurado no II Congresso Brasileiro de Musicologia em 1992, realizado por ocasião dos 500 anos do Descobrimento da América e da Conferência do Meio Ambiente no Rio de Janeiro.


O início dos trabalhos de coordenação das instituições e dos pesquisadores envolvidos nas diversas regiões do Brasil teve início em encontro realizado no centro de estudos do I.S.M.P.S./A.B.E. em São Paulo, em 1993, por ocasião da inauguração do centro de estudos brasileiro da organização.


Membros da instituição foram integrados nos grupos interdisciplinares de pesquisas, seguindo a direção geral dos trabalhos orientação preconizada desde 1968 pelo Centro de Pesquisas em Musicologia da sociedade de renovação dos estudos e das práticas culturais que hoje constitui a organização Brasil-Europa.


O intento de superação de esferas categorizadas da cultura - do erudito, popular, folclórico, indígena - através de um direcionamento da atenção a processos, o que implica em transformações de áreas de estudos convencionais da Etnologia, do Folclore e da História Cultural e da Música levou a que no projeto não apenas participassem antropólogos e etnológos, mas também que nele fossem integrados folcloristas e pesquisadores de outras áreas e agentes e protagonistas de transformações culturais, em particular missionários de diferentes confissões.


Procurou-se, assim, contribuir a uma mudança de mentalidades e direcionamentos das várias disciplinas culturais, em particular de folcloristas que não tinham até então considerado com mais atenção a cultura indígena. Nesse sentido, o projeto teve uma intenção educativa ou formativa, possibilitando até mesmo a realização de trabalhos de mestrado por folcloristas que, embora não tituladas, participaram no projeto como assistentes e colaboradoras.


O projeto e os trabalhos realizados foram considerados em encontros e colóquios em diferentes instituições, entre elas na FUNAI, Brasília, no Museu Goeldi de Belém, no Departamento de Etnografia do Museu Nacional, no Museu Missionário de Campo Grande, no Museu do Indio de Manaus, no Instituto de Inculturação de Belém e no Museu do Índio no Rio de Janeiro. Aqui realizou-se, em 2002, encontro com a presença de participantes de congresso promovido pela A.B.E..


Os volumes com resultados dos trabalhos foram apresentados em diversas ocasiões e contextos. Entre êles, salientam-se lançamentos durante simpósio internacional realizado em Lagos e em sessão no Mosteiro dos Tibães, em 1998, e, por último, na Sala do Índio do Palácio Itamaraty, no encerramento do triênio de estudos científico-culturais pelos 500 anos do Brasil, em 2002.


A partir de 2003, os trabalhos tiveram continuidade sob quadros institucionais modificados, continuando a ser desenvolvidos pela A.B.E.. Extrapolando os limites nacionais brasileiros em correspondência às dimensões transnacionais da problemática indígena e de povos nativos em geral, realizaram-se trabalhos e encontros nos Estados Unidos, em países da América Central, no Norte da Europa, na Austrália e em ilhas do Índico e Pacífico.