BRASIL-EUROPA
PROCESSOS CULTURAIS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

 
 

Os contatos do programa euro-brasileiro iniciado na Europa em 1974 com instituições em Berlim tiveram o seu início já em 1975 na parte ocidental da cidade então dividida. Eles puderam basear-se em relações já há muito existentes e que diziam respeito em particular a questões etnomusicológicas e organológicas tratadas quando da introdução da Etnomusicologia em cursos superiores em São Paulo.


A proposta de uma orientação da atenção a processos e de renovação de aproximações na consideração de instrumentos a partir de suas inserções no edifício cultural de concepções e imagens, assim como a sua transformabilidade, foi o objetivo primordial dos encontros com pesquisadores. Estes foram realizados sobretudo no Museu de Instrumentos Musicais, ali realizando-se, no início de 1975, a primeira conferência de Musicologia Interdisciplinar como concebida no Brasil.


Essa atenção à organologia de orientação cultural e à superação de critérios de classificação convencionais, também nas suas implicações museológicas, continuou a vigorar em debates na área da Etnomusicologia no Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia e em encontros levados a efeito no Museu Real de Instrumentos Musicais da Bruxelas e no Museu da África Central em Tervuren.



Os elos com o Instituto de Musicologia Comparada da Universidade Livre de Berlim marcaram durante anos e de forma intensa os trabalhos euro-brasileiros.


Essas estreitas relações tiveram o seu início quando a direção do instituto foi assumida pelo Prof. Dr. Josef Kuckertz, que anteriormente atuara no Instituto de Musicologia de Colonia.


Fazendo parte da comissão etnomusicológica do Instituto de Estudos Hinológicos e Etnomusicológicos, cuja seção de Etnomusicologia passou a ser conduzida sob direção brasileira a partir de 1977, as cooperações em colegialidade e os debates que as acompanharam marcaram o trabalho em conjunto por décadas.


Não livre de tensões resultantes de diferentes posicionamentos, essas estreitas relações humanas e profissionais co-determinaram publicações e várias conferências e eventos internacionais na Alemanha, em Roma e no Brasil.


Entre êles, salienta-se a participação de Josef Kuckertz no Simpósio Internacional Música Sacra e Cultura Brasileira e na fundação da Sociedade Brasileira de Musicologia, em 1981. Nessa ocasião, realizou-se um encontro entre folcloristas brasileiros e etnomusicólogos europeus no Museu de Artes e Tradições Populares (Folclore) da Associação Brasileira de Folclore, quando discutiu-se diferentes compreensões de áreas disciplinares e métodos.


Tratando-se porém de especialista em música da Índia, sem maior aproximação à América Latina, a formação de pesquisadores - inclusive brasileiros - no instituto Musicologia Comparada de Berlim não poderia deixar de apresentar problemas, o que levou a posicionamentos críticos por parte de instituições brasileiras, manifestadas entre outras ocasiões no âmbito do Primeiro Congresso Brasileiro de Musicologia.


Josef Kuckertz e seu assistente R. Schumacher foram convidados para tomar parte na sessão de Speyer do Colóquio Internacional „Tradições Cristãs e Sincretismo“, levado a efeito pelo I.S:M.P.S. e que contou com a participação de representantes de universidades e centros culturais do Brasil. Tomaram também parte na sessão do colóquio realizada em Maria Laach em homenagem a Martin Braunwieser, mentor da A.B.E..


Josef Kuckertz tomou parte como conferencista no II Congresso Brasileiro de Musicologia, levado a efeito no Rio de Janeiro, em 1992. Nessa ocasião, realizou-se um encontro com a direção e pesquisadores do Departamento de Etnografia do Museu Nacional com o objetivo de lançamento de bases a cooperações entre essa instituição, o Instituto em Berlim e o I.S.M.P.S., entidade co-organizadora do evento. Remontando o projeto de levantamento de fontes e de estudos de culturas musicais indígenas à época da instituição da Etnomusicologia em cursos superiores de música e de formação de professores em São Paulo, em 1972, essa cooperação deveria realizar-se segundo a orientação do programa de interações euro-brasileiras iniciado em 1975.

Kuckertz, Lonnendonker, Person de Matos. 1981. Arquivo ABE

Em várias ocasiões a A.B.E. realizou trabalhos com outras instituições de Berlin.


Com a aquisição de instalações para o secretariado da A.B.E. na capital da Alemanha, esses trabalhos deverão ser intensificados.




 
Kuckertz, Bispo, Dewey 1981. ArquivoABE


Kuckertz em SP 1981. Arquivo ABE



Kuckertz, Lonnendonker, Person de Matos. 1981. Arquivo ABE


Kuckertz, Bispo, Dewey 1981. ArquivoABE


Kuckertz em SP 1981. Arquivo ABE


Kuckertz 1989. Arquivo ABE


Bispo, Kuckertz, Braunwieser 1989. Arquivo ABE


Bispo, Kuckertz, Braunwieser, Schumacher 1989. Arquivo ABE


Bispo e Kuckertz 1989. Arquivo ABE