BRASIL-EUROPA
PROCESSOS CULTURAIS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

 
 
Bayreuth 1975. Foto A.A.Bispo. Copyright A.B.E.

Bayreuth - Universidade e Richard-Wagner Museum, Nationalarchiv


O programa de interações culturais originado no Brasil e iniciado na Europa em 1974 com o apoio do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (Deutscher Akademischer Austauschdienst, DAAD) teve um escopo fundamentalmente renovador e progressista.


O seu objetivo foi o de atualizar e inovar perspectivas e práticas culturais através de um direcionamento da atenção a processos - não a esferas categorizadas da cultura.


Esse movimento, nascido em 1964, constituira-se em sociedade em 1968 e marcara o debate cultural e educativo à época de mudanças no ensino superior, em particular naquele das artes, da música e da formação de multiplicadores e professores.


Essa orientação trouxe à luz a existência de repertórios e desenvolvimentos pouco considerados do século XIX, desvalorizado devido a posicionamentos historiográficos e dos estudos de folclore do passado político-cultural nacionalista.


O empenho de reconsideração do século XIX na pesquisa cultural e musical foi acompanhado pela análise de concepções e visões de desenvolvimentos históricos e culturais. Foi assim marcado por uma preocupação esclarecedora perante complexos problemas do patrimônio cultural, uma vez que exigia por um lado a revalorização de um passado desqualificado e marginalizado nos seus contextos adequados e por outro a análise crítica e distanciadora de um passado mais recente, de aguçamento da percepção para possíveis continuidades não-refletidas no presente.


O programa de interações internacionais iniciado em 1974 na Europa foi marcado por essa preocupação pela herança cultural na sua complexidade e implicações político-culturais. Procurou-se, nesse sentido, observar posicionamentos e tendências, não apenas relativamente à pesquisa, ao redescobrimento e à reconsideração do século XIX, como à reflexão crítica quanto a condicionamentos culturais e a permanências de concepções político-culturais que necessitam ser questionadas. Essas preocupações adquiriram particular atualidade na Alemanha com o centenário da Casa de Festivais de Bayreuth em 1976.


Correspondendo à duplicidade dos interesses e preocupações do programa, as pesquisas e os diálogos em Bayreuth foram dedicados por um lado a questões históricas das relações de Wagner com o Brasil, em particular aos elos entre Pedro II e Bayreuth e em geral à recepção do movimento wagneriano no país, por outro a diálogos com personalidades voltadas à renovação de concepções e formas de expressão dramatúrgico-musicais.


Nesse duplo sentido, realizaram-se levantamentos e estudos de fontes históricas, considerando-se novas perspectivas na pesquisa histórico-musical e estética relativas a Wagner e ao Wagnerianismo. Entre os centros de documentação, de acervo de livros e de reflexões históricas e museológicas destacou-se o arquivo Wagner no Haus Wahnfried, então em estado recente de instalação. 


Sob o ponto de vista das interações renovadoras em relações internacionais destacaram-se as personalidades de Pierre Boulez e Patrice Chéreau.



 
Bayreuth 1975. Foto A.A.Bispo. Copyright A.B.E.

Bayreuth 1975. Foto A.A.Bispo. Copyright A.B.E.

Bayreuth 1975. Foto A.A.Bispo. Copyright A.B.E.

Bayreuth 1975. Foto A.A.Bispo. Copyright A.B.E.

Bayreuth 1975. Foto A.A.Bispo. Copyright A.B.E.

Bayreuth 1975. Foto A.A.Bispo. Copyright A.B.E.