BRASIL-EUROPA
PROCESSOS CULTURAIS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

 
 

























Eleanor Dewey e D. J. Prou OSB, Solesmes 1980
Abadia de Solesmes


Questões culturais relacionadas com o Canto Gregoriano foram tratadas desde os primeiros anos do movimento de renovação teórica e da prática cultural iniciado em São Paulo em 1964 e que foi constituído em sociedade em 1968 (Nova Difusão).


Decorrendo o movimento em época marcada por reformas litúrgico-musicais em decorrência do Concílio Vaticano II, questionava-se o papel a ser desempenhado pelo gregoriano - e pelo movimento gregoriano - nos novos desenvolvimentos.


Concepções e questões relativas ao estudo e à interpretação segundo o método de Solesmes passaram a ser consideradas nas suas inserções históricas no século XIX e no contexto do processo católico-restaurativo então intensificado.


O direcionamento a atenção a processos determinou o empenho em considerar o Canto Gregoriano no Brasil no contexto do processo missionário da história colonial e o desenvolvimento da vida religioso-cultural do período posterior à Independência.


Para o estudo assim conduzido e o exercício de suas consequências práticas, criou-se um grupo de trabalho em cooperação com o Instituto Pio X e o Coral Gregoriano da Sociedade Nova Difusão no âmbito do seu Centro de Pesquisas em Musicologia sob a direção de Eleanor Dewey.


As atividades se processaram em estreito relacionamento com os desenvolvimentos em Solesmes após estadias de especialização da sua orientadora nessa abadia francesa.


Em cursos superiores de música e de formação de professores, obras de autores de Solesmes relativas à análise modal serviram de textos básicos para cursos de Estruturação musical.


Os estreitos elos com D. Eugène Cardine OSB, levou a um distanciamento relativamente a aportes teóricos marcados pelo vulto de D. André Mocquereau OSB, passando a constituir a Semiologia o principal centro dos interesses.


O Brasil tornou-se, assim, um dos primeiros maiores centros de recepção e estudo das pesquisas de D. E. Cardine fora da Europa.


Ao iniciar-se o programa de interações preparado no Brasil na Europa, em 1974, com o apoio do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), procurou-se logo a Abadia de Solesmes para o estabelecimento pessoal de contatos e troca de idéias a respeito das reflexões encetadas no Brasil.


Os contatos, que se repetiram em outras visitas, foram também cultivados em encontros na Alemanha após a instituição do instituto de pesquisas da organização pontifícia de música sacra.


Possibilidade de encontro de pesquisadores brasileiros e portugueses de Canto Gregoriano com monges de Solesmes deu-se com o IX Congresso Internacional de Música Sacra em Bonn e Colonia, em 1979.


A discussão em parte conflitante entre aqueles pesquisadores alemães que defendiam a tradição remontante a D. Mocquereau e aqueles representantes dos estudos semiológicos manteve-se nos próximos anos.


Com a criação do Coro Gregoriano do Estado de São Paulo para o Simpósio Internacional Música Sacra e Cultura Brasileira, em 1981, procurou-se demonstrar as aos defensores da tradição as possibilidades de uma prática gregoriana que considerava tanto os resultados da pesquisa semiológica como o da compreensão do Gregoriano nas suas inserções em processos culturais.


As reflexões tiveram prosseguimento durante o Colóquio Internacional dedicado a tradições cristãs e sincretismo, em 1989, quando realizou-se uma das sessões do evento em Kiedrich, trazendo-se à consciência a questão de dialetos e versões populares do Gregoriano.