Os estudos interculturais referentes à Ucrâina da Academia Brasil-Europa inserem-se na tradição que deu origem à instituição . Estudiosos alemães que viviam na Europa do Leste no século XIX e início do século XX, e que se transferiram para o Brasil nos anos 20, trazendo consigo ideais da cooperação intelectual e artística de teor humanístico para além de delimitações nacionais, atuaram também na Ucrâina, mais especificamente em Odessa e em Jalta. Questões filosófico-culturais, interesses e perspectivas da época e da região, então parte do Império czarista, continuaram vigentes nas décadas seguintes, ainda que de forma não expressa. Sobretudo um interesse especial por estudos de religião comparada e da teosofia foram de lá trazidos para a Europa central e para o Brasil. A atenção dada à linguagem simbólica em contextos culturais amplos, supra-nacionais, associada ao interesse pelo estudo das expressões tradicionais populares levaram a conhecimentos e configuraram atitudes mentais que foram posteriormente de significado para o estudo e a interpretação de manifestações culturais brasileiras.

Com a fundação da entidade que hoje constitui a organização Brasil-Europa, em 1968, inserida nos esforços de atualização dos estudos culturais, constatou-se o estado deficitário de conhecimentos a respeito das repúblicas da então União Soviética, entre elas a Ucrâina. A orientação dedicada a estudos de processos de difusão cultural determinou um novo interesse por questões de imigração e colonização, que passaram gradualmente a ser tratadas sob perspectivas diversas daquelas dos estudos do folclore de cunho nacionalista. No decorrer de viagens de estudos realizadas ao Paraná e outros estados, fizeram-se observações junto a comunidades de origem ucraniana. Elementos da cultura ucraniana foram tratados pela primeira vez em nível superior quando da introdução da disciplina Etnomusicologia no sentido próprio do termo no Brasil, em 1972/3. Em 1981, em trabalhos que se seguiram ao simpósio internacional realizado em São Paulo, discutiu-se, em Petrópolis, possibilidades de revitalização dos estudos de comunidades ucranianas orientadas pelos franciscanos.