Polonia. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
Os trabalhos da Academia Brasil-Europa relacionados com a Polonia tiveram as suas origens em fins da década de sessenta do século XX com o empenho de Paulo Affonso de Moura Ferreira em tornar conhecidas, no Brasil, obras de compositores polonêses contemporâneos. 


Recém-chegado da Europa, e representando a Sociedade Internacional de Música Contemporânea, P. A. de Moura Ferreira dedicou-se a difundir no Brasil um repertório pouco conhecido, sobretudo de países então pertencentes ao bloco socialista do Leste europeu e sobre os quais existiam poucas informações.


Realizou, assim, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, um concerto dedicado exclusivamente à Polonia. Esse evento foi realizado em cooperação com a sociedade Nova Difusão, entidade constituinte da atual organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais Brasil-Europa.


O evento deu-se por ocasião da inauguração das mostras de gravadores da Polonia E T. Lapinski e constou de obras de W. Lutoslawski, K. Penderecki, H. Gorecki, W. Kotonski, A. Dobrowolski e J. Luciuk.


O concerto procurou transmitir ao Brasil impulsos partidos dos festivais internacionais de música contemporânea (Outono de Varsóvia), entendido como um forum internacional para avaliação e debates da produção nacional contemporânea.


Havia, no Brasil, uma longa tradição de relações com a história cultural da Polonia. O país e a sua cultura estavam presentes na vida cultural, em particular através da música. Sobretudo a recepção da obra de F. Chopin havia  influenciado de forma significativa a produção musical do país. Vários compositores do passado haviam-se inspirado em obras de Chopin e estas faziam parte relevante dos programas de conservatórios e de concertos.


A transcendência do significado de Chopin para além da esfera propriamente musical havia sido reconhecida à época da Segunda Guerra Mundial. Através de artistas poloneses imigrados, o Brasil participou das ocorrências dramáticas que atingiram a Polonia. Mário de Andrade salientou o significado político-cultural de Chopin; ao compositor polonês levantou-se uma estátua no Rio de Janeiro.

Os intuitos de atualização dos estudos das relações entre a Polonia e o Brasil de acordo com as tendências de renovação dos estudos culturais podia contar, assim, com significativos precedentes. A preocupação por questões de difusão no Brasil correspondia a similares anelos na Polonia. A respeito das tendências polonesas na área da difusão cultural obteve-se informações sobretudo através de Stanislaw Wislocki, professor do Conservatório de Varsóvia.


Constatou-se, porém, que o exame da ação de poloneses na vida cultural do Brasil e, sobretudo, o da cultura nos grupos de imigrantes poloneses ainda estava por demais incipiente. Com o apoio de instituições de estudos culturais, em particular da Associação Brasileira de Folclore, realizou-se uma primeira viagem de estudos e pesquisas a comunidades polonesas no Paraná, dando-se assim início ao estudo cultural específico da história e do presente da imigração e colonização polonesa no Brasil.

Polonia. Foto A.A.Bispo. Copyright. Arquivo A.B.E.
Na Europa, a partir de 1975, contatos mais estreitos com a cultura polonesa deram-se no âmbito da música sacra. Havia aqui possibilidades mais próximas para a cooperação intelectual, uma vez que ambos os países se caracterizam pelo significado do Catolicismo nas suas expressões culturais.


A partir do primeiro Forum eurobrasileiro, em 1981, a cooperação com a Polonia foi marcada por membros fundadores do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa provenientes do país.


Com as transformações políticas do Leste europeu na década de 90, e segundo o escopo da Academia Brasil-Europa em atualizar perspectivas a partir da nova situação criada pela União Européia, realizaram-se viagens de estudos à Polonia.


A abertura dessa fase das atividades efetuou-se em Varsóvia, quando procurou-se obter uma visão geral da situação e das tendências dos estudos culturais, musicais e musicológicos do país. Os resultados dessas observações forneceram as bases para a organização de um seminário dedicado ao Chopinismo, Chopinística e Chopinologia em contextos globais, com especial consideração do Brasil, realizado na Universidade de Bonn. Nesse contexto, vários compositores brasileiros foram analisados, dando-se particular atenção à música de salão e de cunho popular.


Numa viagem de contatos mais ampla, em 2003, dirigiu-se a atenção aos estudos culturais em universidades e outras instituições polonesas, em particular de Cracóvia e Breslau. Um dos temas mais especificamente tratados disse respeito ao fenômeno de recatolização do país e suas repercussões na Europa no seu todo e no Brasil.


Um terceiro empreendimento voltou-se a regiões que outrora pertenceram à Prússia oriental e à Silésia, possuidoras então de uma cultura marcada pela presença alemã. Escopo dos trabalhos foi o de refletir a respeito de transformações culturais e problemas de identidade de grupos no exílio, considerando-se em particular a questão dos pomeranos no Brasil.




Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.

(em elaboração)


  1. Águas do Atlântico, do Índico e Maria. Notre Dame de Flots em Ambatoloak e Nossa Senhora de Copacabana. Na festa de 2 de fevereiro na igreja de Na. Sra. de Lourdes dos Missionnaires Oblats de Marie Immaculée em Tamoasina

  2. Vaticano-Alemanha-Polonia-Áustria-Brasil. Popularidade do Franciscanismo e os Franciscanos da Província da Saxônia no Brasil na história político-cultural da República. Estações e caminhos do processo anti-secularizador no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

  3. União da Vitória (PR)/Porto União (SC). Ultrapassando fronteiras em diferentes acepções: o vau do Iguaçú. Católicos poloneses e ucranianos sob assistência de Franciscanos alemães e a exemplaridade de Santa Rosa de Lima (1586-1617).

  4. À luz de Danzig/Gdańsk: o Brasil em explorações de contextos submersos da história européia. A esfera do Mar do Leste e Montanhas da Europa Central em elos com o Atlântico (Projeto Âmbar). Encerramento de trabalhos da A.B.E. de 2013

  5. Stettin/Szczecin. A Medicina e as Ciências na Pomerânea em referenciações com o Brasil. Lorenz Eichstaedt (1596-1660) como professor de G. Markgraf na tradição médico-alemã de Daniel Sennert (1572-1637) em Wittenberg

  6. Danzig/Gdańsk. A Astronomia nos centros de navegação marcados pelo Niederlandismo do Mar do Leste e o Brasil. Lorenz Eichstaedt (1596-1660) em Danzig/Gdańsk, cidade de Johannes Hevelius (1611-1687)

  7. Danzig/Gdańsk. O ar e a luz do Mar Báltico no paisagismo alemão, Danzig/Gdańsk  e a imagem do Brasil em Eduard Hildebrandt (1817-1868)

  8. Elisabeth Lesske (Krickeberg) de Liebenau (1861-1944) - mãe do etnólogo e americanista Walter Krickeberg (1885-1962) - no contexto do movimento feminino alemão nos seus elos com a Silésia e seu significado para o Brasil

  9. A mulher na valorização da arte indígena. Lembrando artigo sobre o plumário de Elisabeth Krickeberg (1861-1944) a partir do papel do homem e de ligas masculinas de Heinrich Schurtz (1863-1903) sob o pano de fundo de um desenvolvimento de reflexões remontante ao Brasil

  10. Cidades portuárias do Báltico como "portões ao mundo" e expansão colonizadora no Brasil. A inspeção de terras de São Paulo e Sul do Mato Grosso à luz da tradição de estudos de solos e agroeconômicos da Prússia

  11. Heroísmo e sentimento, patriotismo e internacionalidade: o papel da Polonia. Chopin em Manchester e na China e o acariciar teclas de Anton de Kontski (1817-1899): O Despertar do Leão e a Marcha a Camões

  12. História contemporânea das relações interculturais. Questões de difusão cultural refletida: Stanislaw Wislocki

  13. Projetos de cooperação e intercâmbio França-Polonia-Alemanha-Brasil

  14. Dimensões político-culturais da música nas relações Polonia-Brasil na Segunda Guerra: Felicja Blumenthal

  15. Swinoujscie. Lógica no desenvolvimento de sociedades e o Poder em teorias culturais. Diferenciação de perspectivas

  16. Stettin. Estudos interculturais e história diplomática. I. Paderevsky

  17. Chopinística e Chopinologia sob a perspectiva intercultural

  18. Música contemporânea e difusão cultural em relações bilaterais. Paulo Affonso de Moura Ferreira

  19. Hermann Frischler, centenário de nascimento




 





Breslau 2003. Fotos A.A.Bispo. Arquivo A.B.E. ©

 

BRASIL-EUROPA
www.brasil-europa.eu

Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa

Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo

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