As suas origens em círculo de estudiosos preocupados pela renovação da cultura ocidental que encontraram o caminho do Brasil nos anos 20 do século passado, provenientes da antiga Rússia da época czarista, e passando pela Europa Central e pelo sul da Europa, levaram sob muitos aspectos e em diferentes fases a encontros com desenvolvimentos histórico-culturais dos países bálticos.
As relações da Estônia com a Rússia imperial e com a revolucionária a partir de 1917, e, por outro lado, os seus elos com a Europa Central e Ocidental, em particular com o império alemão, desmoronado com a Primeira Guerra Mundial, corresponderam em grande parte a situações e campos de tensões que marcaram a existência e as concepções desses estudiosos e a convicção de que se fazia necessária uma profunda renovação de visões e de orientação filosófico-cultural do Ocidente.
Na Europa, a região do Báltico foi considerada sob diversos aspectos em trabalhos desenvolvidos no Norte e no Leste da Europa. Além de estudos que salientaram o papel do comércio e das cidades hanseáticas e bálticas no interrelacionamento cultural das diferentes regiões do Báltico e do Mar do Norte entre si e com países da Europa Ocidental, a atenção foi despertada pelo papel desempenhado por emigrados desses contextos culturais no continente americano, sobretudo sob o aspecto religioso-confessional.
Esse fato justificou estudos mais pormenorizados da história da cristianização do Leste da Europa e do Báltico, decorrida na Idade Média juntamente com um processo de expansão a partir do Ocidente, no qual as ordens alemãs desempenharam papel preponderante.
Questões da história missionária européia em tempos remotos chamaram assim a atenção para mecanismos comuns em processos de transformação cultural de fundamentação cristã, com a consequente transmissão de configurações imagológicas e de normas subjacentes, processos esses que podem ser cotejados com aqueles desencadeados pela ação missionária no Brasil muitos séculos mais tarde. A partir dessas bases, estudos que relacionam os países bálticos e o Brasil ganham em interesse teórico e possibilidades.
A A.B.E. realizou, em 2003, uma viagem de contatos e observações a Tallin. Esse empreendimento teve como escopo principal observar as transformações ocorridas com a emancipação da Estônia e a mudança do sistema político. Procurou-se obter um panorama das tendências do pensamento relacionado com questões culturais sob essas novas condições e as possibilidades que oferecem para a cooperação intelectual e o intercâmbio de conhecimentos. Uma particular atenção foi dada ao papel que as tradições folclóricas passam a desempenhar nessa situação de reconscientização e revalorização da identidade nacional.
Em maio de 2013, realizou-se um novo ciclo de estudos euro-brasileiros em Tallin. O seu principal escopo foi o de estudar a presença alemã no passado da região e sua situação no presente nas suas implicações para os estudos eurobrasileiros. Essa preocupação explica-se pela atenção particular dedicada às relações Alemanha-Brasil nos trabalhos da A.B.E. no ano de 2013 por motivo da passagem dos 30 anos do primeiro simpósio internacional de renovação dos estudos de emigração e colonização. Outro complexo temático particularmente considerado disse respeito à cultura musical tradicional da Estônia e às tendências atuais dos estudos musicológicos de orientação cultural no país nas suas implicações para a vida musical. Teceram-se comparações com observações anteriormente realizadas na Letônia e atentou-se aos elos do ensino superior e da vida musical com outros centros da esfera do Leste e do Norte, em particular com a Escola de Música de Rostock, Alemanha.
Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.
(em elaboração)
•Leste/Oeste - Ocidente/Oriente: Je suis Paris. Processos humanizadores e desumanizadores no homem e na sociedade. Ciências, Filosofia e Psicologia Cultural - Relendo as „Meditações Sulamericanas“. Ciclos de estudos na Estonia, na Letônia e na Alemanha
•Debate cultural teuto-báltico e as „Meditações Sulamericanas“. Hermann Keyserling (1880-1946) em Reval e em Riga em 1910 sôbre unidade européia e oriente, latinidade, identidade cultural e significado da história. Ciclo de estudos em Riga
•Maldição do ouro e o ouro de valores humanizadores. Condicionamentos psiquico-espirituais e possíveis reversões de processos - insegurança, mêdo e fome originais na protoconsciência. Encerramento de ciclo de estudos no Alasca 2015
•Sangue quente - calor humano e o estar em casa no „meu país“: o „corpo fechado“ na cultura e a tensão tipológica Eva/Maria. Aproximações psiquico-culturais ao estudo do tango. Reflexões sobre „Heimat“ no Herzogstand, Baviera 2015
•A morte e o subterrâneo no homem. Ano agrícola do hemisfério norte e processos psíquico-culturais. O entregar-se à terra na doença e o despontar da luz nas trevas: Lázaro. Ciclo de estudos no Bergisches Freilichtmuseum für Ökologie und bäuerlich-handwerkliche Kultur, Lindlar 2015
•O que fere é mau, o que não machuca é bom. A delicadeza, a diplomacia e a susceptibilidade do brasileiro. A beleza e a cultura da sensibilidade guiada por valores como possível missão. Para a passagem do ano 2015/2016: após 35 anos de visita de pesquisadores europeus a festas de Ano Novo na Praia Grande, SP e Salvador
•A tristeza. O ego hipertrofiado do homem cheio de si na sua modalidade passiva e sua prisão nas trevas. A „filha da vaidade“, a barbarização e o guerreiro trágico. Ciclo de estudos de Santa Bárbara e S. João Batista em Gimborn
•A entrada do espírito na consciência - memória, mimicri, impressão e criação de imagens condutoras
•Seja alegre! A vida como Divina Comédia - a visão lúdica no processo humanizador
•O Brasil nos diários de viagens pelo mundo de Emanuel Karl Heinrich Schmysingk von Korff (1826-1903), natural da Prússia do Leste, genro do compositor Giacomo Meyerbeer (Jakob Liebmann Meyer Beer,1791-1864)
Tallin.
Fotos A.A.Bispo 2005. Arquivo A.B.E. ©
BRASIL-EUROPA
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Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa
Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo
ESTUDOS CULTURAIS EUROBRASILEIROS RELACIONADOS COM A
ESTÔNIA