Kopenhagen. Foto A.A.Bispo 2013. Copyright. Arquivo A.B.E.
Os trabalhos da Academia Brasil-Europa relacionados com a Dinamarca remontam, nos seus fundamentos teóricos, ao movimento de renovação dos estudos culturais constituído oficialmente em São Paulo, em 1968, e que hoje constitui a organização Brasil-Europa. Desde então, a atenção passou a ser dirigida primordialmente a processos de difusão cultural. Com esse objetivo, passou-se examinar correntes de pensamento que, muitas vezes provenientes de contextos pouco considerados, atuaram nos estudos culturais, em particular naqueles de Folclore, então discutido quanto à sua orientação teórica e metodológica.


Nos estudos de caminhos da difusão cultural, tratou-se da propagação e da recepção das estórias de Hans Christian Andersen (1805-1875) no Brasil no âmbito de cursos de Estudos Culturais/Folclore do Centro de Pesquisas da entidade Nova Difusão. Atentou-se aos muitos caminhos de influência cultural na obra de Andersen, em particular de impulsos da esfera cultural latina do sul da Europa, da Itália e da Espanha.


Kopenhagen. Foto A.A.Bispo 2013. Copyright. Arquivo A.B.E.
Motivo especialmente considerado foi o da sereia, conhecido da tradição portuguesa e brasileira, tratado por Andersen e transformado em emblema de Kopenhagen. O símbolo e os significados da mulher aquática marcaria por muitos anos os trabalhos de pesquisa da linguagem de imagens. Foram tratados em cotejo com expressões similares de diferentes tradições, entre elas da mãe d'água e da Iara.


Partindo de estudos já realizados por etnógrafos e folcloristas de vários países, procedeu-se a um pormenorizado levantamento de fontes da Antiguidade. A imagem foi considerada a partir de sua inserção no sistema de concepções relativas à Criação de diferentes correntes do Gnosticismo e nas suas relações com visões do mundo e do homem. Os resultados desses estudos foram apresentados e discutidos em diferentes eventos e divulgados em publicações. Representaram um dos principais trabalhos preparatórios que possibilitariam o colóquio euro-brasileiro de tradições cristãs e sincretismo (1989) e o colóquio internacional de Antropologia Simbólica (1998).


Com essas pesquisas, procurou-se, de acordo com a orientação da organização fundada em 1968, redirecionar os estudos culturais, passando de uma condução primordialmente literária a uma teórico-cultural. No centro dos interesses já não se situou mais a influência de Andersen na literatura mundial, na recepção de temas e histórias e no folclore, mas a sua própria inserção em processos culturais.

Em viagem de estudos e contatos realizada à Dinamarca, em 1977, foram procuradas instituições de pesquisas da cultura popular, em particular também o Museu de Andersen, em Odense.

Paralelamente, a obra de S. Kierkegaard foi tratada em seminários e cursos de Estética e Ética de orientação teórico-cultural realizados pela Academia Brasil-Europa em conjunto com universidades alemãs. A organização retomava aqui a discussão de concepções religiosas e filosóficas de Kierkegaard que já haviam sido de importância na origem da tradição a que ela se prende.

Kopenhagen. Foto A.A.Bispo 2013. Copyright. Arquivo A.B.E.
No âmbito de cursos de história da música em contextos globais, deu-se particular atenção às múltiplas correntes estéticas que atuaram na cultura musical dinamarquêsa, considerando-se sob essa perspectiva obras de autores inglêses e alemães. Uma particular consideração mereceu Dietrich Buxtehude por ocasião dos seus 300 anos de falecimento. Compositores de épocas mais recentes, entre êles Niels W. Gade e Carl Nielsen, foram tratados em paralelos com autores brasileiros de orientação romântica.

Relevância assume a Dinamarca em estudos relativos às viagens marítimas e à história colonial. Em viagens ao Caribe, no início do terceiro milênio, realizaram-se encontros da Academia Brasil-Europa com instituições culturais de ilhas marcadas pela ação histórica da Dinamarca.

Em 2008 realizou-se novo ciclo de estudos da A.B.E. em cidades da Dinamarca. Esses trabalhos tiveram continuidade em 2013, tratando-se agora em particular da presença alemã na história cultural dinamarquesa, suas inserções no complexo mais amplo do Mar do Norte e do Báltico no decorrer dos séculos e suas implicações para os estudos das relações Alemanha-Brasil.

Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.

(em elaboração)


  1. A questão das equiparações de escolas de formação artística à Universidade. Uma circular a universidades e conservatórios europeus

  2. Flora Danica: de porcelanas como bem cultural da Dinamarca à História das Ciências nos seus elos com o Brasil. Botânica em relações teuto-holando-dinamarquesas de Simon Pauli (1603-1680), professor de G. Markgraf

  3. Horst Missfeldt (Schleswig-Holstein). O Caminho ao Brasil da família Missfeld e "Recordações da Floresta do Brasil" de Willi Misfeld (ca. 1935)

  4. Anna Margarida Brochner Misfeldt. Hans Brøchner Misfeldt (1919-1995). Pesquisas genealogico-culturais Sagas e política: narrativas como documentos históricos na fundamentação de anelos nacionais. Pelos 200 anos de nascimento de Jón Sigurðsson (1811-1887)

  5. Sagas e salmos. Da referenciação salmódica na compreensão histórica do narrado em visões reformadas. Do salmo 90 ao hino nacional islandês

  6. O descobrimento nórdico da América da saga como monumento histórico no contexto político islandês e na moldura da catedral dos salmos

  7. Os manuscritos da Islândia e as sagas de tradição oral no debate atual islandês sobre as relações entre a história e o lore. O "romantismo antiquário" islandês e seu significado para os estudos culturais

  8. "Um eremita compenetrado que se eleva do mar entre a Europa e a América". Imagem da Islândia nas artes plásticas e o papel da cultura nas relações internacionais e na diplomacia

  9. Salmos passionais de Hallgrímur Pétursson (1614-1674) à luz da recristianização da sua mulher resgatada da escravidão na África

  10. O "ciclo escandinavo-germânico" nos estudos do Romanceiro em Portugal e no Brasil. Reflexões no local da tomada da terra islandêsa e da saga de Egil

  11. Snorri Sturluson (1179-1241) - o Descobrimento da América na Saga de Olaf Tryggvason no Heimskringla. Ocasiões de cultivo de sagas - práticas nórdicas (Snorralaug)

  12. A nave e a navegação nas sagas e sua contextualização regional. O fado do mundo velho marcado pela vingança. Pelos 1000 anos da queima da casa de Njáll

  13. Alemanha-Rumênia-Grécia-Dinamarca-Suécia

  14. Lübeck. 300 anos de falecimento de D. Buxtehude. Significado, questões e perspectivas para os estudos euro-brasileiros

  15. Mascaradas e corporações nas relações interamericanas e transatlânticas.









 
Kopenhagen 2013
Arquivo da A.B.E. Fotos A.A.Bispo.
©
 

BRASIL-EUROPA
www.brasil-europa.eu

Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa

Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo

©

ESTUDOS CULTURAIS EUROBRASILEIROS RELACIONADOS COM A

DINAMARCA

 

Portal (português)     Portal (deutsch)      Revista     Contato     Convite     Impressum     Estatística     Atualidades