No âmbito das preocupações renovadoras dos estudos culturais de fins da década de sessenta do século XX, passou-se a considerar a contribuição belga à cultura brasileira. As atenções passaram a ser dirigidas a processos globais que vinculam desenvolvimentos históricos que dizem respeito tanto à Bélgica quanto ao Brasil.
Os trabalhos da Academia Brasil-Europa relacionados com a Bélgica receberam impulsos iniciais através do Mtro. Roberto Schnorrenberg. Tendo estudado e atuado na Bélgica, esse regente e compositor contribuiu para difundir tendências disciplinares e de concepções estéticas e histórico-culturais belgas no Brasil.
Publicações de um passado mais remoto, de extraordinário significado para o estudo histórico-cultural em dimensões globais, gravuras e documentos cartográficos foram reexaminados à luz de novos questionamentos dos estudos culturais. Considerando-se o significado das cidades da atual Bélgica no desenvolvimento da arte da impressão, em particular também relativamente ao mundo não-europeu, tornou-se consciente a necessidade de um estudo mais pormenorizado de fontes históricas no próprio país.
Os trabalhos em Bruxelas e em outras cidades da Bélgica desenvolveram-se a partir de 1975. Uma das áreas disciplinares particularmente consideradas foi a da organologia. A Bélgica possui, com o seu Museu Instrumental, um importante centro de estudos de instrumentos. Procurou-se, aqui encontrar soluções a questões de classificação que se levantavam nos estudos histórico-musicais e também culturais do Brasil.
A colaboração com essa instituição possibilitou também a realização de levantamento de fontes históricas e bibliográficas referente ao então Zaire, assim como a obtenção de contatos para a obtenção de um panorama das correntes atuais do pensamento africano voltado a questões culturais. P
or ocasião de congresso dedicado a questões da África Central e do Leste, em 1979, os brasileiros presentes puderam tomar conhecimento desses trabalhos e debatê-los. Forneceram bases do simpósio internacional que então se planejou para ser realizado em São Paulo, em 1981.
Esses trabalhos referentes à presença histórica da Bélgica na África aguçou a sensibilidade para questões até então pouco consideradas da história colonial do século XIX. Não apenas a história mais remota dos elos entre a África e o Brasil, dos séculos XVI ao XVIII, mas sim também aquela do século XIX passou para o centro das atenções. Com essa focalização, processos internos africanos nas suas relações com as esferas de influência européia e suas tensões com as colonias portuguesas passaram a ser considerados e cotejados com desenvolvimentos contemporâneos no Brasil.
Paralelamente a esse interesse pela Bélgica como antigo poder colonial e que faz do país importante centro para estudos culturais em contextos globais, procurou-se também o contato com personalidades da vida cultural e científica com a finalidade de conhecimento mútuo de tendências do pensamento, de métodos e da situação da pesquisa nas diversas áreas.
Vários ciclos de estudos foram levados a efeito em diferentes regiões da Bélgica. O escopo desses trabalhos foi, sob o aspecto mais genérico, o de considerar as diferenças culturais do país e os problemas de identidade cultural no seu significado para o estudo de processos euro-brasileiros. Sob o ponto de vista da história do pensamento científico e de métodos, uma particular atenção mereceu o centro mundial de catalogação do saber em Mons, um projeto que documenta a temporariedade dos esforços de levantamento global dos conhecimentos.
No decorrer dos trabalhos, pôde-se levantar documentação relativa à presença brasileira na Bélgica e os elos do país com o Brasil no século XIX, muito mais relevantes do que se poderia supor numa primeira aproximação.
Vários ciclos de estudos eurobrasileiros foram desenvolvidos em diferentes cidades ddas regiões de Flandres e da Wallonie na década de 90 e na primeira do século XXI. Entre êles, salientam-se aquele realizado na Ardennes belga, em 2002, voltado a questões de arquitetura popular e modos de vida tradicional, assim como trabalhos desenvolvidos em visita ao palácio de Alden-Biesen e à cidade próxima de Tongeren por ocasião do festival regional de artes de 2005.
Os mais recentes trabalhos realizados na Bélgica foram levados a efeito em Bruxelas e em Antuérpia. Para além de procurar atualizar conhecimentos, o objetivo principal dos estudos foi determinado pela passagem dos 100 anos da eclosão da Primeira Guerra Mundial. Procurou-se levantar documentos a respeito da Missão Brasileira de Expansão Comercial nos anos que imediatamente precederam a Guerra na Biblioteca Real. Uma visita ao Museu dos Instrumentos de Bruxelas, agora instalado em edifício Art Nouveau, teve o objetivo de considerar as novas concepções que orientam o trabalho organológico da instituição inserindo-o nas preocupações da A.B.E. que relacionam arquitetura e música, espaço e tempo, cultura e natureza.
Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.
(em elaboração)
•O saneamento do Rio, drenagens em Antuérpia e o saneamento de Bruxelas
•Bruxelas-Rio de Janeiro, os Estudos Brasileiros na Sorbonne e a diplomacia cultural de Oliveira Lima
•Renovação de repertórios e musicologia histórica. Klaus-Dieter Wolff e Roberto Schnorrenberg
•Cordisburgo. Caminhos da veneração dos elos entre o Conhecimento e o Amor
Bruxelas. Fotos A.A.Bispo 2005. Arquivo A.B.E.©
BRASIL-EUROPA
www.brasil-europa.eu
Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa
Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo
ESTUDOS CULTURAIS EUROBRASILEIROS RELACIONADOS COM A
BÉLGICA