Bruxelas. Foto A.A.Bispo 2014. Copyright A.B.E.

No âmbito das preocupações renovadoras dos estudos culturais de fins da década de sessenta do século XX, passou-se a considerar a contribuição belga à cultura brasileira. As atenções passaram a ser dirigidas a processos globais que vinculam desenvolvimentos históricos que dizem respeito tanto à Bélgica quanto ao Brasil.


Os trabalhos da Academia Brasil-Europa relacionados com a Bélgica receberam impulsos iniciais através do Mtro. Roberto Schnorrenberg. Tendo estudado e atuado na Bélgica, esse regente e compositor contribuiu para difundir tendências disciplinares e de concepções estéticas e histórico-culturais belgas no Brasil.


Publicações de um passado mais remoto, de extraordinário significado para o estudo histórico-cultural em dimensões globais, gravuras e documentos cartográficos foram reexaminados à luz de novos questionamentos dos estudos culturais. Considerando-se o significado das cidades da atual Bélgica no desenvolvimento da arte da impressão, em particular também relativamente ao mundo não-europeu, tornou-se consciente a necessidade de um estudo mais pormenorizado de fontes históricas no próprio país.


Os trabalhos em Bruxelas e em outras cidades da Bélgica desenvolveram-se a partir de 1975. Uma das áreas disciplinares particularmente consideradas foi a da organologia. A Bélgica possui, com o seu Museu Instrumental, um importante centro de estudos de instrumentos. Procurou-se, aqui encontrar soluções a questões de classificação que se levantavam nos estudos histórico-musicais e também culturais do Brasil.


Bruxelas. Foto A.A.Bispo 2014. Copyright A.B.E.
Quanto à área mais propriamente etnológica e etnomusicológica, procurou-se o Museu da África de Tervuren. Como uma das maiores instituições especializadas em assuntos culturais africanos, mais particularmente relativamente ao antigo Congo belga, pareceu ser imprescindível a consideração mais pormenorizada dos trabalhos desenvolvidos nesse museu para o desenvolvimento dos estudos relacionados com a África no Brasil.


A colaboração com essa instituição possibilitou também a realização de levantamento de fontes históricas e bibliográficas referente ao então Zaire, assim como a obtenção de contatos para a obtenção de um panorama das correntes atuais do pensamento africano voltado a questões culturais. P


or ocasião de congresso dedicado a questões da África Central e do Leste, em 1979, os brasileiros presentes puderam tomar conhecimento desses trabalhos e debatê-los. Forneceram bases do simpósio internacional que então se planejou para ser realizado em São Paulo, em 1981.


Esses trabalhos referentes à presença histórica da Bélgica na África aguçou a sensibilidade para questões até então pouco consideradas da história colonial do século XIX. Não apenas a história mais remota dos elos entre a África e o Brasil, dos séculos XVI ao XVIII, mas sim também aquela do século XIX passou para o centro das atenções. Com essa focalização, processos internos africanos nas suas relações com as esferas de influência européia e suas tensões com as colonias portuguesas passaram a ser considerados e cotejados com desenvolvimentos contemporâneos no Brasil.


Paralelamente a esse interesse pela Bélgica como antigo poder colonial e que faz do país importante centro para estudos culturais em contextos globais, procurou-se também o contato com personalidades da vida cultural e científica com a finalidade de conhecimento mútuo de tendências do pensamento, de métodos e da situação da pesquisa nas diversas áreas.


Bruxelas. Foto A.A.Bispo 2014. Copyright A.B.E.
A partir de 1983, realizou-se, em Bruxelas, uma série de sessões de um colóquio internacional dedicado a influências recíprocas entre a Europa e a América Latina. Foi o primeiro evento desse gênero levado a efeito por órgãos da Comunidade Européia. A participação brasileira nesse evento efetuou-se a partir da rêde de contatos da atual organização Brasil-Europa e com base nos trabalhos até então desenvolvidos. Entre êles, retomaram-se os projetos já realizados voltados à problemática da recepção cultural e a questão da necessidade da consideração diferenciada de concepções antropológicas nos estudos que relacionam a Europa e a América Latina.


Vários ciclos de estudos foram levados a efeito em diferentes regiões da Bélgica. O escopo desses trabalhos foi, sob o aspecto mais genérico, o de considerar as diferenças culturais do país e os problemas de identidade cultural no seu significado para o estudo de processos euro-brasileiros. Sob o ponto de vista da história do pensamento científico e de métodos, uma particular atenção mereceu o centro mundial de catalogação do saber em Mons, um projeto que documenta a temporariedade dos esforços de levantamento global dos conhecimentos.

No decorrer dos trabalhos, pôde-se levantar documentação relativa à presença brasileira na Bélgica e os elos do país com o Brasil no século XIX, muito mais relevantes do que se poderia supor numa primeira aproximação.


Vários ciclos de estudos eurobrasileiros foram desenvolvidos em diferentes cidades ddas regiões de Flandres e da Wallonie na década de 90 e na primeira do século XXI. Entre êles, salientam-se aquele realizado na Ardennes belga, em 2002, voltado a questões de arquitetura popular e modos de vida tradicional, assim como trabalhos desenvolvidos em visita ao palácio de Alden-Biesen e à cidade próxima de Tongeren por ocasião do festival regional de artes de 2005.


Os mais recentes trabalhos realizados na Bélgica foram levados a efeito em Bruxelas e em Antuérpia. Para além de procurar atualizar conhecimentos, o objetivo principal dos estudos foi determinado pela passagem dos 100 anos da eclosão da Primeira Guerra Mundial. Procurou-se levantar documentos a respeito da Missão Brasileira de Expansão Comercial nos anos que imediatamente precederam a Guerra na Biblioteca Real. Uma visita ao Museu dos Instrumentos de Bruxelas, agora instalado em edifício Art Nouveau, teve o objetivo de considerar as novas concepções que orientam o trabalho organológico da instituição inserindo-o nas preocupações da A.B.E. que relacionam arquitetura e música, espaço e tempo, cultura e natureza.


Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.

(em elaboração)

  1. Estudos Indonésia/Brasil: o Barong no contexto do Galungan em Bali sob o aspecto do estudo de sistemas de imagens. Recapitulando debates com Paul Collaer (1891-1989) e Mantle Hood (1918-2005)

  2. Bruxelas-Antuérpia-Rio de Janeiro. A capital da Bélgica e da Europa, o grande porto e a antiga capital do Brasil. Cidade, evolução e visões: Belle Époque e Kampf ums Dasein. Abertura dos trabalhos eurobrasileiros pelos 450 anos do Rio de Janeiro

  3. O Rio de Janeiro e a representação do Brasil na Europa da Belle Époque: Manuel de Oliveira Lima (1867-1928). Pelos 100 anos de sua despedida pela colonia brasileira da Bélgica (1914)

  4. Sur L‘Evolution d‘une Ville du Nouveau-Monde. Ontogenese, Filogenese e e a recapitulação biogenética no Rio de Janeiro. Antropologia cultural evolucionista e social-darwinismo

  5. „A metamorfose do Rio de Janeiro“ pelo Vice-Consul do Brasil em Antuérpia no Congresso Internacional de Geografia de Genebra no Centenário da Abertura dos Portos (1908)

  6. O Rio de Janeiro e as vias de penetração no Brasil na representação do país na Europa à época de Afonso Pena (1906-1910). Ferrovias na Bélgica e a Mission Brésilienne d‘Expansion Economique

  7. Climatologia a serviço da reputação do Brasil e colonização. Geografia na Mission Brésilienne d‘Expansion Economique de Antuérpia

  8. O saneamento do Rio, drenagens em Antuérpia e o saneamento de Bruxelas

  9. O Rio de Janeiro e a música no Brasil sob o ponto de vista histórico no Centenário de J. Haydn em Viena em 1909

  10. O Rio de Janeiro, a música no Brasil e nos Estados Unidos. Evolucionismo e americanismo nas relações Europa/Novo Mundo. Manuel de Oliveira Lima (1867-1928) e George Theodore Sonneck (1873-1928)

  11. Bruxelas-Rio de Janeiro, os Estudos Brasileiros na Sorbonne e a diplomacia cultural de Oliveira Lima

  12. Os teuto-brasileiros e a transformação da imagem do Rio de Janeiro. „Brasil: Terra do Futuro“ de Heinrich Schüler

  13. A Avenida Central e a imagem do Rio de Janeiro na concepção do novo centro e na propaganda brasileira da Belle Epoque

  14. Os teuto-brasileiros, a imagem do Rio e a Primeira Guerra Mundial. „Brasil: um país do Futuro“ revisto em 1919

  15. A questão das equiparações de escolas de formação artística à Universidade. Uma circular a universidades e conservatórios europeus

  16. Católicos portugueses no universo protestante do Havaí. Relações euro-havaianas na história missionária e Damian De Veuster SSCC (1840-1889) no seu significado atual na luta contra estigmatizações

  17. Rêdes sociais na história político-cultural. Os Hohenzollern e a Casa de Saxe-Coburg. Alemanha - Portugal - Bélgica - Bulgária     

  18. (Influência belga através de Paris) Francisco Magalhães do Valle (1869-1906) e César Franck (1822-1890). Da província de Minas à procura de projeção e a erudição franco-alemã de mediação belga

  19. (Brasileiros na Bélgica nos anos posteriores à Primeira Guerra) João de Souza Lima (1898-1982) e Alípio Dutra (1892-1964). Paulistanismo e integração no universo cultural francês em atmosfera de euforia

  20. (Contatos de franco-brasileiros na Bélgica no século XIX) Judeus da Alsácia e imigrantes alsacianos na vida cultural do Brasil e da Argentina. Valse des Alliées do brasileiro Louis Henri (Levy) (1861-1935)

  21. Renovação de repertórios e musicologia histórica. Klaus-Dieter Wolff e Roberto Schnorrenberg

  22. Antuérpia-Lisboa. Representação esférica e questões do Conhecimento. 500 anos da morte de Martin Behaim

  23. Cordisburgo. Caminhos da veneração dos elos entre o Conhecimento e o Amor

  24. Alden-Biesen(Blzen-Rijhoven). Ordens de cavaleiros na Idade Média e fundamentos ético-religiosos da expansão européia







 

Bruxelas. Fotos A.A.Bispo 2005. Arquivo A.B.E.©

 

BRASIL-EUROPA
www.brasil-europa.eu

Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (registrada 1968)
Academia Brasil-Europa

Direção: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo

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