Orientação: análise de processos e procedimentos refletidos, inter- e transdisciplinares

Os trabalhos da Academia Brasil-Europa relacionados com o Paraná remontam aos anos que prepararam a fundação, em 1968, da entidade que hoje constitui a Organização Brasil-Europa de estudos de processos inter- e transculturais e de estudos culturais em relações internacionais.

Pesquisadores e estudantes de São Paulo constatavam, na segunda metade da década de sessenta, o insuficiente estado dos conhecimentos relativos a várias regiões do Brasil. Ao mesmo tempo, reconhecia-se a necessidade de condução de estudos sob perspectivas interdisciplinares, devidamente refletidas, uma vez que a complexidade de processos em anos de intensas transformações tornava difícil a distinção entre esferas culturais do erudito, do popular e do folclore. A cooperação entre etnólogos, folcloristas, sociólogos e historiadores da cultura surgia como indispensável. 

Essas preocupações levaram à fundação, em 1968, de uma entidade que representava um movimento de tendências renovadoras e que dirigia as suas atenções a processos, em particular também àqueles de de difusão. (Nova Difusão)

As preocupações pela renovação teórica dos estudos culturais, embora nascidas em São Paulo, receberam importantes impulsos no âmbito dos Cursos Internacionais e dos Festivais de Música de Curitiba. Personalidades de vários estados do Brasil e do Exterior que ali se encontravam contribuiram de forma decisiva às reflexões então em andamento e permaneceram, em parte, vinculadas ao movimento através das décadas.

Dos nomes do próprio Paraná, cumpre salientar o Prof. Dr. José de Almeida Penalva, que desempenhou papel importante nos trabalhos da organização nos anos seguintes, na Europa e no Brasil.

Paralelamente, realizaram-se viagens de estudos e pesquisas a outras cidades do Estado do Paraná, entre elas Antonina, Paranaguá, Morretes, Lapa, Cascavel, Ponta Grossa, Apucarana e Foz do Iguaçú.

Em 1970, desenvolveram-se trabalhos em Curitiba sob a perspectiva de questões culturais relacionadas com os meios de comunicação e com a construção de imagens, em particular na música popular.

Procurou-se estudar as relações da cultura popular nas suas expressões contemporâneas com o repertório das tradições populares provenientes da antiga colonização e aquelas provenientes de posteriores imigrações centro-européias.

A entidade então fundada, que dirigia a sua atenção a processos culturais, procurando superar, refletidamente, limitações disciplinares, sobretudo entre a história e a pesquisa empírica da cultura, passou a preocupar-se, desde cedo, em realizar estudos atualizados de complexos relacionados com a imigração.

Reconhecia-se que concepções de folclore, na sua orientação tradicional, traziam dificuldades relativamente a uma adequada consideração de expressões culturais de grupos populacionais provenientes da imigração centro-européia, em particular nas regiões do Sul do Brasil.

Para a observação in loco de situações culturais e para o estabelecimento de contatos realizou-se uma viagem dedicada mais especificamente ao tratamento dessas questões e que incluiu várias cidades do Paraná.

Estudos de fontes em rêdes internacionais. Projeto Paraná/Europa

A partir de 1975, fontes históricas pouco conhecidas relativas ao Paraná passaram a ser levantadas em bibliotecas européias e consideradas em cursos e seminários.

No Primeiro Forum Brasil-Europa e na Primeira Semana Brasil-Alemanha de Música, realizados em 1981, o Paraná esteve presente em obras de compositores ali nascidos e cujas execuções foram acompanhadas por comentários. Dedicou-se particular atenção a Brasílio Itiberê (1896-1967), compositor e diplomata que representa de forma expressiva elos entre a cultura musical e as relações internacionais.

Em 1981, o Prof. Dr. José de Almeida Penalva contribuiu de forma decisiva à preparação e à realização do Primeiro Simpósio Internacional  "Música Sacra e Cultura Brasileira", levado a efeito em São Paulo. Representou o Paraná quando do Congresso Internacional realizado em Roma, em 1985, e da fundação do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS e.V.). Também representou o Paraná no Primeiro Congresso Brasileiro de Musicologia, realizado em São Paulo, em 1987.

O Paraná no Triênio pelos 500 anos do Brasil

Em 1999, quando da preparação do congresso que abriu o triênio de eventos pelos 500 anos do Descobrimento do Brasil, realizou-se uma viagem de contatos e estudos por várias cidades do Paraná. O objetivo desse empreendimento foi o de realizar simbólicamente a abertura do evento em Foz do Iguaçú. Considerando o significado do programa Cultura/Natureza nos trabalhos da A.B.E., decidiu-se que a série de eventos científico-culturais programada para rememorar o descobrimento há cinco séculos e abrir o terceiro milênio deveria ser inaugurada sob o impacto das cataratas do rio Paraná.

No Colóquio da A.B.E. dedicado ao Barroco e suas concepções à abertura do novo século, em 2001, o Paraná foi representado por conferência de personalidade paranaense atuante na Alemanha. O Estado foi também representado por pesquisadores paranaenses na sessão do Rio Grande do Sul do Congresso de encerramento do Triênio, dedicado ao tema "Música, Projetos e Perspectivas."

Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.

(em elaboração)

1. •União da Vitória (PR)/Porto União (SC). Ultrapassando fronteiras em diferentes acepções: o vau do Iguaçú. Católicos poloneses e ucranianos sob assistência de Franciscanos alemães
   e a exemplaridade de Santa Rosa de Lima (1586-1617).
   

2. •Rio Negro (PR). O Colégio São Luís de Tolosa como centro de formação religiosa e da prática musical - a banda a serviço do projeto anti-secularizador em interações de alemanidades. Bucovinos e Franciscanos alemães.
   
   Palmas (PR). Memória de situações humanas, sociais e ambientais problemáticas em regiões de expansão. Indígenas e questões de prioridades missionárias de Franciscanos alemães no Paraná.
   

3. •Importação, manutenção e construção de órgãos no Brasil. Implicações econômicas e patrimoniais de reformas eclesiais. Experiências latinoamericanas em órgão doado ao Vaticano pelo Chanceler alemão e o projeto de formação de organeiros brasileiros em Ludwigsburg com Werner Walcker-Mayer (1923-2000)
   

4. •Uma programática de origem luso-brasileira em anos de mudanças geo-político-culturais. Jorge Peixinho (1940-1995) como referencial nas complexas relações Portugal-Alemanha-Brasil
   

5. •Atividades coloniais da Companhia de Viação São Paulo-Matto Grosso sob o signo da expansão teuto-brasileira e da reorientação da emigração alemã do Sul do Brasil para São Paulo
   

6. •Estrategia colonizadora da Companhia de Viação São Paulo-Matto Grosso no seu impacto ambiental: a destruição das florestas de São Paulo e do sul do Mato Grosso
   

7. •No Paraná à época do Barão do Cerro Azul e litoral sul de São Paulo. De contrastes culturais entre regiões de imigração alemã e cidades de antiga formação colonial luso-brasileira: Paranaguá, Cananéia, Iguape
   

8. •Estradas e integração nacional nas concepções políticas e as vias de comunicação e transporte no jornalismo cultural. Reinhard Maack: De diligência e canoa pelo interior do Brasil
   

9. •"Sempre em frente!" Cultura Física e o "Triunfo da Vontade": Turismo esportivo-cultural na difusão de visões do mundo. Siegfried Schütze: De "corcel de aço" (bicicleta) pela América do Sul II. Brasil
   

10. •Canto litúrgico ucraino-católico na imigração e prática tradicional do cantochão no Brasil
    

11. •Prioridade da natureza e teoria da cultura. 25 anos do fim das Sete Quedas e 15 anos da Conferência do Meio Ambiente no Rio de Janeiro
    

12. •Guaíra. Memória do patrimônio natural na história da cultura. Rastros de monumentos perdidos
    

13. •Savona e Gênova. História das explorações geográficas e memória da natureza: Giacomo Bove (1852-1887) e as Sete Quedas de Guaíra
    

14. •Curitiba: Valorização da cultura musical local em publicações