BRASIL-EUROPA
www.brasil-europa.eu
Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (registrada em 1968)
Academia Brasil-Europa
de Ciência da Cultura e da Ciência
e institutos integrados ISMPS/IBEM
Dir. Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo
AMAPÁ
O escopo do movimento então iniciado foi o da renovação dos estudos culturais, dirigindo a atenção a processos, em especial ao de difusão cultural, o que exigia a superação de delimitações disciplinares e de categorizações de objetos de estudos segundo esferas do erudito, do popular e do folclórico.
Se o Amapá tinha sido até então insuficientemente considerado na pesquisa empírica da cultura, também pouco conhecida era a sua história cultural, mesmo em meios especializados.
Um direcionamento da atenção a contextos globais deu-se com a consideração do forte de Macapá na sua inserção no sistema militar do império colonial português no âmbito de estudos da História da Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Para a fundamentação dos estudos relativos ao território, procedeu-se a um levantamento de fontes disponíveis a respeito da Geografia, da História e da constituição étnica da região quando da introdução da disciplina Etnomusicologia em cursos de Licenciatura da Faculdade de Música e Educação Artística do Instituto Musical de São Paulo, em 1972.
Estudos em rêdes internacionais. Projeto Amapá-Europa "Cäsar Famin/Ferdinand Denis"
Os trabalhos desenvolvidos em bibliotecas européias a partir da segunda metade da década de 70 deram continuidade ao levantamento de fontes relevantes para a história da região e para o estudo dos grupos indígenas.
Com essa escolha, procurou-se dirigir a atenção ao contexto mais amplo das relações regionais e internacionais no complexo das Guianas, determinantes para formação histórico-cultural do Amapá.
Em 1977, deu-se início aos trabalhos culturais em rêdes eclesiásticas e missionárias relativas ao Amapá através do departamento de Músico-Etnologia de instituto de pesquisas de organização pontifícia de natureza internacional. Considerou-se entre outras expressões, em especial tradições culturais de Caruaú. Essas expressões culturais foram consideradas em sessões euro-brasileiras paralelas ao Simpósio Etnomusicológico realizado em Bonn, em 1979, dedicado a questões culturais africanas.
Bases teóricas de interpretações adequadas de sentido de expressões culturais
Por ocasião do primeiro colóquio internacional dedicado a tradições cristãs brasileiras e sincretismo, em 1989, realizado em várias cidades e centros de estudos da religião relevantes da Alemanha, expressões culturais do Amapá foram consideradas em conjunto com tradições estudadas na ilha do Marajó e em outras regiões do Pará com base em pesquisas de campo realizadas por L. Fernando de Andrade.
No debate que se seguiu, os resultados dessas pesquisas - em particular das tradições designadas como afro-brasileiras - foram considerados à luz da discussão de métodos hermenêuticos e de resultados de pesquisas de sentido em expressões culturais em outros contextos.
Estudos de interações e mudanças culturais em grupos indígenas de fronteiras: Oiapoque
No congresso realizado no Rio de Janeiro pela passagem dos 500 anos do descobrimento da América, em 1992, deu-se início a um projeto de maiores dimensões de pesquisas de culturas indígenas sob a perspectiva dos processos transformatórios por que passam e das relações culturais entre o Amapá e a Guiana Francesa. O projeto, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, de órgãos ministeriais brasileiros, da FUNAI e de universidades, do Brasil e do Exterior, possuiu um sentido teórico que deve ser visto à luz do movimento iniciado em 1968, ou seja, o da superação de delimitações determinadas por áreas disciplinares, entre elas da Etnologia e do Folclore.
Pesquisadores que até então se haviam dedicado sobretudo a estudos de expressões culturais da sua própria sociedade deveriam confrontar-se com grupos indígenas em situação de transformação cultural, procurando um diálogo com indígenas já formados segundo critérios da sociedade brasileira e integrando-os no estudo e no debate. O grupo de pesquisadores assim constituido foi dirigido por Julieta de Andrade, e os trabalhos foram desenvolvidos entre 1993 e 1996.
Relações com instituições e cooperações locais
Nesse âmbito, desenvolveram-se também trabalhos relativos à história cultural de Macapá e redondezas, dando-se uma especial atenção à história social da música, focalizando corporações musicais nos seus vínculos com a prática de banda de música e de sua organização no Pará e na Amazônia em geral.
Em 1996, realizou-se uma segunda viagem para a intensificação de cooperações à região do Oiapoque. Os trabalhos desenvolvidos foram apresentados e comentados em sessões realizadas na Europa e no Brasil.
Estudos, seminários e exposições sôbre o Amapá na Europa
As observações e os materiais documentais levantados no Amapá forneceram subsídios a conferências, aulas, seminários e exposições na Europa. As mudanças nas culturas indígenas e suas concepções foram aqui particularmente consideradas sob a perspectiva de relações transnacionais de fronteiras e de migrações urbanas. Também a história do território e do atual Estado foi tratada de acordo com a bibliografia mais recente, sendo as fontes mais antigas reexaminadas sob questionamentos atualizados.
Contribuição do Amapá ao desenvolvimento dos estudos culturais em geral
Essa expressão foi considerada no Colóquio Internacional de Antropologia Simbólica (São Paulo, 1998) e foi um dos fatores que motivou a escolha do tema "Música e Visões" para o Congresso Internacional de abertura do Triênio pelos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, em Colonia/Bonn, em 1999.
Deve-se salientar que universitários europeus foram levados a ocupar-se com temas do Amapá em vários seminários desenvolvidos nas universidades de Bonn e Colonia, assim como em colóquios da A.B.E. Gravações com cantos indígenas foram transcritas e analisadas por mestrandos e doutorandos em Etnomusicologia, e os trabalhos foram apresentados ao vivo e em publicações.
Publicações
relacionada com os trabalhos:
(em elaboração)
J. de Andrade et alii. "Karipuna e Galibi-Marworno contam quem e como são/ Karipuna und Galibi-Marworno erzählen, wer und wie sie sind", in Die Musikkulturen der Indianer Brasiliens I, ein Projekt unter Leitung von A. A. Bispo, Musices Aptatio Liber Annuarius - 1994/95 - Jahrbuch, Roma 1997, 427-584
Cronologia
dos trabalhos
1969. São Paulo. História da Arquitetura militar no Brasil no sistema de defesa do império colonial português. Estudos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Faculdade de História da Universidade de São Paulo.
1970. São Paulo. Expressões culturais em contextos regionais: Folclore do Amapá sob a perspectiva de processos difusivos. Centro de Pesquisas ND, Museu de Artes e Técnicas Populares/Folclore.
1973. São Paulo. Amapá na Etnomusicologia/Músico-Etnologia. Levantamento de fontes e dados.
1975. Colonia. Fontes bibliográficas e documentais sobre o Amapá em instituições européias.
1976. Colonia. Redescobrimento da Expedição Amazonas-Jari de 1935-37/Schulz-Kampfhenkel e análise crítica de concepções e inserções políticas.
1977. Maria Laach e Roma. Início dos trabalhos Europa/Amapá em instituições e rêdes eclesiásticas.
1979. Bonn. Simpósio Internacional. Renovação epistemológica dos estudos de relações entre a África e o Brasil. Debate sobre tradições de Curiaú.
1985. Roma. Fundamentos da cultura cristã no mundo extra-europeu: Norte da África no contexto global da luta contra os mouros e expressões culturais do Amapá (Magazão).
1989. Speyer, Eibingen, Maria Laach, Bonn, Colonia. Colóquio Internacional de Tradições Cristãs e Sincretismo. Sessão dedicada a tradições religiosas do Amapá.
1993. Belém. Encontro no Instituto de Inculturação. Exame de documentação gravada de atividades missionárias e de transformação de culturas indígenas do Amapá das últimas décadas como preparatória de trabalhos no Amapá.
1993. Macapá. Início oficial dos trabalhos apoiados pelo Ministério do Exterior da Alemanha e de órgãos e instituições brasileiras em colaboração com universidades e com a FUNAI. Encontros para a constatação da siituação in loco dos estudos histórico-culturais, etnológicos e da museologia. Pesquisa de rêdes e elos histórico-musicais com o Pará e outras regiões do Brasil.
1993. Curiaú. Encontro para a discussão local de trabalhos desenvolvidos na Europa.
1994. Oiapoque. Transformações de culturas indígenas em região de fronteiras. Primeira viagem de grupo de pesquisadores sob a direção de J. de Andrade no âmbito do projeto de Culturas Musicais Indígenas sob o aspecto de transformações culturais.
1995. Oiapoque. Segunda viagem do grupo de pesquisadores para a integração de indígenas nas reflexões teórico-culturais. Ato comunitário festivo em Oiapoque pelo início da cooperação.
1995. Maria Laach. Sessão Amapá para a discussão das pesquisas e das cooperações. Exposição de imagens.
1997. Montecassino, Itália. Situação dos estudos em desenvolvimento: Amapá.
1998. Lagos e Braga, Portugal, Lançamento de publicação e conferências sobre o Amapá: "Karipuna e Galibi-Morworno contam quem e como são", sob a direção de Julieta de Andrade.
1998. São Paulo. Amapá no Colóquio Internacional de Antropologia Simbólica. Mastro de São Pedro e Toré, expressões de Curiaú.
2002. Colonia. Colóquio da A.B.E. „Europa e universo sonoro indígena“. Lançamento de publicação. Pesquisadores europeus no Brasil na respecctiva inserção histórico-cultural: Amapá.
2002. Gramado/RS e Joanópolis/SP. Sessão do Congresso Internacional „Música, Projetos e Perspectivas“ dedicada a questões de transformações culturais („Tribal/Rural“). O caso do Amapá.
2002. Rio de Janeiro. Sessão no Museu de História Diplomática do Palácio do Itamaraty pelo encerramento do Triênio pelos 500 anos do Brasil. Estudos Culturais e Direitos Humanos: a experiência de pesquisa e cooperação no Amapá de J. de Andrade.
Materiais
Apenas os disponíveis nos sites da A.B.E.
(em elaboração)
•Seychelles, La Réunion & Brasil. „Pronto para as ilhas?“ O europeu nos trópicos e o creolo no mundo: cultura, tempo livre e escravidão em processos coloniais. Pelos 350 anos da chegada dos franceses nas Mascarenhas e 450 anos do Rio de Janeiro
•Arquivística e estudos creolos. Colóquio nos Arquivos Nacionais das Seychelles em Victoria, Mahé
•Creolofonia, Creolidade,Creolismo. A internacionalização dos estudos creolos nas suas dimensões políticas francofones e o Brasil. Da lingua ao estudo de processos culturais - uma proposta de reorientação.Visita da A.B.E. ao Lenstiti Kreol Enternational
•Música e dança na identidade creola: contradanças, quadrilhas, polcas e mazurcas nas Seychelles e no Brasil. Pesquisa da Música Popular em Processos Transculturais e World Music 2015
Fotos A.A.Bispo.
Arquivo A.B.E. ©